Reconhecido por grandes marcas da movelaria, arquitetos potiguares fazem da Mula Preta Design um sucesso internacional
Composta pelos talentosos arquitetos André Gurgel e Filipe Bezerra, o estúdio Mula Preta Design é fruto de uma identificação de desenhos e estilos autênticos com muito regionalismo, um traço cada vez mais importante e defendido pelos grandes ditadores de tendências. Regionalismo esse destaque até no nome Mula Preta, uma homenagem dos empresários ao Rei do Baião. Confira a entrevista concedida com exclusividade ao site do CAU/RN.
Como foi que surgiu a ideia de montar a Mula Preta Design?
Nos conhecemos através da relação entre as nossas empresas. Em um certo momento houve uma identificação de identidade entre nossos desenhos e percebemos que poderíamos desenvolver um trabalho em parceria. Como somos fãns de Gonzagão, e ele é uma figura marcante da nossa cultura, fizemos uma homenagem a ele através de uma de sua música, Mula Preta.
Como vocês explicam a quantidade de prêmios em tão pouco tempo de atuação?
É um pouco difícil para nós explicar isso, mas gostamos de acreditar que antes de mais nada, tentamos criar algo original. Essa característica aliada a estudos e pesquisas constantes acabam sendo aclamados pelos que chancelam os prêmios, e naturalmente somos agraciados. O nome do nosso estúdio já traz uma carga de autenticidade e de regionalismo, que é um traço cada vez mais importante e defendido pelos grandes ditadores de tendências.
Qual a inspiração para a confecção dos produtos?
Tudo para nós serve de inspiração. O diferencial está em como transformamos essas inspirações em produtos. Muitas vezes as coisas acontecem de maneira natural e em alguns minutos o conceito do produto está quase todo formado. Outras vezes começamos de formas que achamos interessantes e ao longo do tempo evoluímos a ideia e aplicamos tecnologias para industrializar. Seria difícil destacar a principal fonte de inspiração, vão de uma bola de basquete a uma fruta tropical.
Vocês participaram da 3ª edição da Feira do MADE-mercado de Arte e Design. Como se deu a parceria com a América Móveis?
A América atualmente é nosso maior parceiro, e estamos apostando ainda mais nessa ligação. Um grande incentivador do nosso trabalho, um dos proprietários da Officina Interiores, Renato Raposo, nos apresentou ao proprietário da fábrica, o Luciano Lopes, e houve uma empatia desde o início. Como já havíamos sido premiados com alguns produtos e apresentamos os próximos lançamentos ficou mais fácil a parceria. Naturalmente a relação evoluiu e topamos entrar juntos no MADE para lançar novas peças. A resposta para o nome do nosso estúdio e para a América foi maior que a expectativa, e fortaleceu ainda mais o vínculo.
Quais outras grandes marcas que vocês trabalham?
Atualmente estamos trabalhando também com a Tissot, de Gramado, estamos em desenvolvimento de protótipos com a Il Cantiere e Metalco, fábricas italianas e conversando sobre novas parcerias com mais 2 fábricas nacionais que ainda não podemos revelar o nome por questões de segurança. Além disso, temos uma excelente parceria com a Arbor e Lyra Móveis de Natal, que é fundamental para o desenvolvimento de protótipos ou da produção que precise de um acompanhamento contínuo.
Trabalhar com design fora do eixo São Paulo e Rio é mais difícil? Por quê?
Por estarmos fora do circuito Sul-sudeste, onde se concentram todos os grandes nomes do design no Brasil, tivemos que traçar uma meta muito específica, que iniciou-se com a participação em concursos internacionais de design. Algumas diretrizes, a ideia dos concursos e a participação em exposições internacionais, trouxe uma visibilidade natural ao nosso estúdio. Mantivemos sempre como marca a irreverência nordestina, aplicadas a um desenho sofisticado e moderno, criando uma característica única aos nossos produtos. Resumindo, para se trabalhar com design de mobiliário conceitual e principalmente fora do eixo Rio – São Paulo é preciso estudar muito sobre o cenário da produção mundial (dos designers mais icônicos aos últimos ganhadores de prêmios), é preciso ter um traço, um estilo que defina e caracterize sua própria produção criativa, e é preciso uma visão estratégica sobre como ganhar notoriedade com esse diferencial criativo que está sendo proposto.
Como vocês avaliam a carreira até agora?
Em pouco tempo conseguimos desenvolver parcerias sólidas com algumas indústrias e atingir um certo nível de notoriedade que não é tão fácil para o setor. É um sinal de que a nossa estratégia está funcionando e uma resposta ainda mais clara de como devemos continuar a trabalhar. Nós sempre conversamos, um passo de cada vez, sem perder a essência do nosso estúdio. Estamos no início e a Mula ainda tem muito chão pra percorrer.